Eduardo Augusto Girardi tem se dedicado à horticultura dos citros, área da ciência que envolve a avaliação e seleção de variedades, propagação e manejo cultural e estudo da resistência ao HLB e outros estresses bióticos e abióticos. Em sua formação profissional, realizou residência agronômica no Southwest Florida Research and Education Center/ Institute of Food and Agricultural Sciences, da Universidade da Flórida, em 2002, conduzindo estudo comparativo entre os sistemas de produção de mudas da Flórida e de São Paulo.
Posteriormente, fez pós-doutoramento na Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro (2009), atuando na seleção de variedades de laranjeira-doce e avaliação de plantios adensados sob sequeiro em clima tropical. Também atuou como Professor Adjunto I do Departamento de Fitotecnia, Instituto de Agronomia, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (2010), quando foi responsável pela cadeira de Propagação de Plantas.
Ao longo da carreira profissional em pesquisas voltadas para a citricultura, Girardi colaborou com diversas pesquisas sobre grandes temas e inovações, como sistema de produção de mudas em ambiente protegido, para desenvolver boas práticas de cultivo nessa condição (adubação, irrigação, técnicas de enxertia e propagação alternativa, substratos etc.); desenvolvimento de cultivares de copa e de porta-enxertos de laranjas, tangerinas e limas-ácidas, desde as etapas de seleção inicial de novas variedades até a sua validação extensiva em campo em todas as regiões do Brasil, buscando contribuir com copas que agreguem maior qualidade de frutos, produção fora de época e outros atributos, ou porta-enxertos mais produtivos, tolerantes à seca e às doenças e que sejam redutores do tamanho da árvore (nanicos e semi), adaptados a diferentes condições ambientais e de manejo, com milhares de combinações copa/porta-enxerto em estudo; práticas mais sustentáveis de manejo, notadamente de adensamento de plantio e poda, visando orientar o citricultor às decisões mais embasadas sobre as vantagens e desvantagens e as melhores estratégias de uso na presença da doença HLB dos citros; resistência genética ao HLB, no que se refere à avaliação de germoplasma buscando fontes de resistência e seu uso no melhoramento clássico, avaliação como porta-enxertos ou interenxertos e determinação de severidade de dano; e capacitação de recursos humanos, seja como professor em cursos de graduação e pós-graduação e também em diversos eventos técnicos, científicos, palestras, visitas técnicas e dias de campo, presenciais e online, para divulgação dos resultados de pesquisas e atualizações sobre horticultura de citros.
'Todas essas atividades são conduzidas com sólida interação com colegas especialistas em outras áreas de conhecimento de diversas instituições de pesquisa, ensino e iniciativa privada, um trabalho de equipe sem o qual nenhum avanço poderia ser alcançado’, afirma Girardi. Desde 2010, Eduardo Augusto Girardi é Pesquisador A da Embrapa Mandioca e Fruticultura, sendo responsável pela Unidade Mista de Pesquisa e Transferência de Tecnologia UMIPTT Cinturão Citrícola em Araraquara e Bebedouro (SP). Atuou ainda como professor permanente do Programa de Pós- -Graduação em Ciências Agrárias da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (de 2011 a 2020) e, a partir de 2022, tornou-se Professor Permanente do Programa de Pós-Graduação em Agronomia (Produção Vegetal) da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho de Jaboticabal (SP). É também bolsista de produtividade em pesquisa PQ2 do CNPq. Girardi vem participando do esforço para diversificação de variedades de citros, notadamente de novos porta-enxertos híbridos incluindo diversos citrandarins, que desde 2018 vêm gradativamente sendo adotados pelos citricultores brasileiros.
Integra a equipe da Embrapa que registrou 20 novas cultivares que serão recomendadas nos próximos anos com base em ensaios regionais de desempenho agronômico, além de quatro cultivares de copa em parceria com o Centro de Citricultura Sylvio Moreira (CCSM/IAC) e a FCC. Em relação aos desafios atuais do HLB, Eduardo Augusto Girardi destaca que está trabalhando em diversos projetos focados na doença em colaboração com o Fundecitrus, com a FCC, com CCSM/IAC, produtores e outras instituições no Brasil e exterior. ‘A minha colaboração está focada em estudar a reação de variedades e tipos de citros ao HLB buscando oportunidades de uso em médio prazo como copas ou porta- -enxertos, entender melhor a dinâmica dessa doença e estabelecer práticas ou menos favoráveis à doença e seu vetor dentro do Manejo Integrado de Pragas (MIP-HLB)’, afirma, cujos projetos são financiados por agências como Fapesp, CNPq, Capes, Embrapa, União Europeia e iniciativa privada. ‘Na minha opinião, o HLB continuará sendo um fator de grande importância para a citricultura na próxima década, impactando no sistema de produção brasileiro, seja em áreas onde a doença pode ser manejada regionalmente, seja em áreas endêmicas. À medida em que novos resultados sejam consistentes, novas práticas de manejo e variedades poderão ser incorporadas ao sistema produtivo, que penso será bastante diferente nas próximas décadas.
Mas, além do HLB, gostaria de chamar atenção para outros desafios da citricultura brasileira, igualmente relevantes e que vão mudar o cenário daqui a alguns anos: mudanças climáticas, especialmente eventos de seca e calor extremo, necessidade de agregação de valor/maior qualidade e diversidade dos produtos cítricos; práticas mais sustentáveis de manejo do solo, água e pragas e doenças, que causem menos impacto ambiental com bom custo/benefício; e mecanização e otimização das operações, notadamente a colheita, com inovações diversas nas pulverizações e demais etapas automatizadas. A citricultura do futuro será ainda mais técnica e dinâmica, e sua viabilidade depende das decisões e estudos do presente.’ Casado com Raquel, Eduardo tem dois filhos, Henrique e Ana Thaís, e enquanto pesquisador já residiu nas cidades paulistas de Piracicaba, Piedade, Bebedouro e Araraquara, e em Seropédica (RJ), Cruz das Almas (BA), além de Immokalee (Flórida) e Valmontone (Itália). Embora não seja de família tradicional de citricultores, já possuiu um pomar comercial de tangerinas em Juquitiba (SP).
Ele diz que sua vida cruzou com a citricultura inicialmente pelos caminhos da universidade e da ciência, e garante que é mais uma vítima do ‘vírus do amor citrícola’. ‘Uma vez infectado, não tem cura!’ A homenagem do GCONCI a Eduardo Augusto Girardi com o Prêmio GCONCI Hall da Fama da Citricultura Brasileira é baseada em sua forte atuação na descoberta de novos métodos para dar continuidade a uma das mais importantes culturas do agronegócio brasileiro, a citricultura, pesquisando incansavelmente novas variedades de copa e porta-enxerto resistentes às inúmeras pragas e doenças e outros problemas que há anos acometem os laranjais do Brasil. A sua dedicação às pesquisas é fonte de esperança para a perenidade dos citros brasileiros.